É precisamente tudo isto que Trinity: Souls of Zill O’ll nos tenta presentear. Uma aventura de acção grandiosa, combates intensos, enredo cativante, cenários riquíssimos, companheiros de aventura, imersão na história, profundidade estratégica e inúmeras surpresas ao longo do caminho.
Será que consegue? Vamos ver…
Trinity começa com uma breve apresentação da história que o guia … O avô do herói, Rei Balor, receando uma velha profecia, acaba por assassinar a própria filha, deixando o neto, Areus, presumivelmente morto no ventre materno sem vida. Acontece que nós somos esse neto, e a vingança será nossa.
Começamos com uma sequência animada de imagem dos 3 heróis (Areus, Selena e Dagda) a entrar num grande salão onde se encontra uma personagem poderosa, que nos apercebemos logo que temos de combater. Quando o combate se inicia essa personagem chama toda uma legião de demónios e de outros seres e essa é a primeira apresentação ao sistema de combate de Trinity … e que apresentação.
A partir daí somos levados no tempo e o jogo tem o seu inicio a partir de onde poderemos embarcar em diversas demandas espalhadas pelo território onde ganhamos experiência, skills, amigos e dinheiro sempre com o objectivo de termos a nossa desforra.
Gráficos – 7.4
Trinity: souls of Zill O’ll consegue-nos presentear com um Mundo bastante rico. Cenários de grande beleza e com efeitos de luz e sombras, vegetação, edifícios e objectos espalhados por eles muito detalhados e com uma palette de cores bastante cativante e que se adequa aos diferentes tipos de ambiente (embora em alguns casos coloridos em demasia). De qualquer forma, aqui e ali, sente-se que ainda poderia ser melhor explorada a componente gráfica.
As personagens estão também elas razoavelmente detalhadas e com pormenores interessantes apresentando movimentos fluidos que tornam as sequências de acção bastante fluídas e credíveis. Aliás, as batalhas podem ser consideradas o ponto forte de Trinity.
Os adversários, de diversos tipos, apresentam-se por sua vez também eles bem pormenorizados, mas com especial incidência nos diversos Bosses que encontramos ao longo das diversas missões. Esses poderosos adversários conseguem captar bem a nossa atenção quando os encaramos pela primeira vez, e encontram-se muito bem detalhados.
Por fim, convém dizer que os menus e esquema de acessos ao inventário, skills, e afins (presentes na maior parte dos RPGs de Acção) também se enquadra em todo o ambiente medieval criado em Trinity: Souls of Zill O’ll.
Som – 7.6
O som em Trinity, encontra-se a um nível bom. A banda sonora com uma escolha mais clássica (a lembrar vagamente a de O Senhor dos Anéis) assenta muito bem no jogo e ajuda a criar uma maior identificação do jogador com o ambiente do jogo.
Os efeitos sonoros estão bem conseguidos e os combates e tudo o que os rodeia estão bastante bem traduzidos sonoramente.
As vozes, tanto nos diálogos, como no decorrer da aventura encontram-se coerentes e eficientes, mas demonstrando pouca emotividade, pelo que um pouco mais de excitação seria bem vinda.
Jogabilidade – 7.0
Trinity apresenta-se então, como foi acima indicado, como um RPG de Acção que tenta como o género adianta, conciliar as melhores características de RPG com as de jogo de Aventura/Acção. Se bem que em determinados aspectos tal consiga ser atingido de forma bastante razoável, existem outros aspectos em que muito ficou por fazer.
A componente de acção do jogo é talvez, como já referi anteriormente, o ponto alto do jogo. As sequências de combate, tanto nas quests como na Arena, encontram-se bastante emotivas e intensas e são elas a mais-valia dum título que perde um pouco de condimentos, com a ausência de algo mais. Além destas sequências o jogo perde-se um pouco numa narrativa em que os diálogos são feitos de forma estática através de caixas de texto, e em que as cidades onde nos reabastecemos (Taverna, Loja, Arena) são apenas locais estáticos onde não nos é permitido deambular e investigar. Aí apenas podemos aceitar novas missões, comprar ou vender equipamentos e aceder à Arena para combates que vão aumentando de intensidade.
Fica também na retina a ideia de que grande parte dos diálogos com as restantes personagens, se tornam um pouco longos demais e monótonos, por vezes sem grande ligação à história, havendo no entanto alguns momentos de humor pelo meio.
Basicamente o coração do jogo corresponde apenas às variadas Quests e aos combates da Arena. Penso seriamente que seria muito mais interessante se pudéssemos passear pela cidade e interagir com personagens, lojas e afins na sua rotina. E essaa interacção entre personagens, ganharia muito mais se fosse uma interacção animada em vez dos ecrãs estáticos e com bolsas de diálogo.
Embora os primeiros combates se assemelhem a um tutorial e a maior parte dos combates iniciais se resuma a um martelar dos botões de ataque à medida que avançamos no jogo estes vão-se tornando cada vez mais exigentes e fazendo-nos recorrer das habilidades de cada um dos nossos heróis. Aliás, os diferentes bosses encontrados ao longo de toda a aventura (Desde o inicio) são adversários portentosos e que convêm analisar bem para tentar determinar pontos fracos antes de os atacar.
De realçar que podemos em qualquer altura dos combates alternar entre Areus e os seus companheiros e duma forma bastante fluída, o que abre novas possibilidades estratégicas.
Atacar um adversário com o potente ataque físico de Dagda, que o deixa temporariamente atordoado para rapidamente mudarmos para Areus que lhe inflija um potente ataque de espada é uma combinação avassaladora. Existem muitas mais para experimentar e isso torna a aventura mais emocionante e variada.
Cada herói, Areus, Dagda ou Selena, apresenta também um grande manancial de opções para a criação de combos diversas cada qual mais potente que a anterior. Também à medida que avançamos no jogo desbloqueamos novos movimentos, novos ataques e novas armas a usar.
Gostaria de indicar também que para cada aventura, podemos “levar” um pack de 3 habilidades extra para cada um dos nossos lutadores, onde por exemplo se encaixam os feitiços de Areus.
Na vertente RPG é que a porca começa a torcer o rabo … embora tenhamos Level Ups à medida que ganhamos experiência, os mesmos não são parametrizáveis ou seja, é o próprio jogo que faz grande parte da gestão dessa dinâmica, o que acho que é ineficaz e mesmo algo castrador.
O inventário e a sua gestão encontra-se bem-criado e à semelhança do que poderemos esperar num titulo deste género, mas um pouco mais limitado de opções. Temos as armas, os artefactos mágicos, armaduras e feitiços que podemos usar à medida que progredimos na aventura. Nas cidades por onde paramos, podemos vender os que não queremos ou que encontramos nas diversas arcas espalhadas pelos cenários das Quests, ou comprar novos e equipá-los nos nossos heróis.
Quanto à curva de aprendizagem, e conforme já mencionei acima, o jogo apresenta-se bastante acessível. Com um interface bastante familiar, o nível de dificuldade vai aumentando (lentamente) gradualmente, ao longo do jogo. No entanto os diversos Bosses, mesmo os iniciais, são ossos duros de roer e que levam a que os tenhamos de avaliar bem e aplicar a estratégia adequada a cada um.
Longevidade – 7.2
O jogo apresenta uma campanha bastante longa que sem dúvida é uma mais-valia. São mais de 40 horas de acção e de lutas que fazem dele uma aventura a ter em conta, para jogar sozinho ou com amigos.
No entanto, fica a sensação de que terminando o jogo não há grandes motivações para voltar a jogar.
A ausência de Multiplayer é uma falha que embora nestes tipos de jogos possa passar algo despercebida, o que é certo é que cada vez mais é e terá de ser uma componente importante nos jogos modernos.
Nota Final – 7.0
Trinity: Souls of Zill O’ll não é um mau jogo …. É um bom jogo de Aventura/Acção que tenta ser em simultâneo um RPG, mas que para tal ainda lhe falta percorrer um caminho longo. Com uma história envolvente mas já vista, e um sistema de combates bastante viciante, peca apenas por não conseguir trazer a maior profundidade necessária que se exigem a todos os títulos RPG e pela ausência duma maior diversidade de interacções com o Mundo.
A nota final do jogo é beliscada precisamente por essa sensação de incompletude do jogo no que respeita à vertente RPG, pois com um pouco mais de trabalho nessa área estaríamos perante um jogo bem mais completo. A acção é muito boa, mas o resto acaba por parecer pouco …
Respondendo à questão levantada no inicio da análise, a resposta será …. Sim, conseguimos obter um pouco disso tudo em Trinity, mas ficando uma sensação de amargo na boca de que ainda haveria bastante mais que se poderia obter.
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